Einstein foi um dos primeiros físicos que falou na possibilidade de universos infinitos e paralelos. A possibilidade de uma mesma situação ter todos os outcomes possíveis em universos que existem paralelamente.
Há um universo em que todos e cada um de nós seremos astronautas, paralíticos, muito ricos ou muito pobres, nascidos na China, no Nepal, no Quénia, no Brasil, seremos loiros, seremos azuis, seremos aliens, seremos fantasmas, seremos líderes mundiais, seremos apenas um sonho. e por aí adiante.
O mundo em que vivemos é apenas uma das muitas realidades que existem. E se neste mundo somos o que somos, podemos com certeza acreditar que há apenas um fino tecido tempo-espacial a separar-nos de todas as outras realidades alternativas, onde tudo o resto correu de maneira ligeira ou completamente diferente.
E como são as pequenas coisas que fazem as grandes diferenças é mais fácil imaginarmos o universo que temos exatamente igual, mas onde não nos esquecemos da chave de casa, onde não nos distraímos a procurar um cd no tablier e batemos no carro da frente, em que não apanhamos o avião que teve um acidente, em que não fomos sair quando algo de mau aconteceu, do que um universo em que todos respiramos água, todos temos asas ou todos vivemos em planetas distintos e nunca conhecemos nenhuma das pessoas que constituem os nossos universos relacionais.
E esta ideia não é apenas verdade para os universos teóricos. É também verdade para as nossas vidas, vividas paralelamente, mas com pontos de vista individuais muito diferentes. Porque todos somos os atores principais das nossas vidas por muito que sejamos apenas figurantes nas dos outros e nada mais que cenário irrelevante no computo geral. Pó de estrelas.
Mas conhecermos o universo em que estamos traz-nos conforto, o tipo de conforto que têm as crianças quando perguntam "porquês" e obtêm as respostas. Porque precisamos de saber que o mundo é explicável, é compreensível, é amigável. e é uno.
E para nós, os universos multiplicaram-se naquela noite de quarta para quinta, quando o João desapareceu.
Nesse momento, o João deixou de estar numa discoteca a divertir-se com os amigos para estar em todos os lugares que não conhecemos. E à medida que o tempo continua a passar os universos que imaginamos são cada vez menos bons. Os universos em que era razoável o João estar a ressacar em algum sítio ou ter-se interessado por alguém inconsequentemente foram-se afastando e deram espaço para que emergissem os universos em que alguém lhe fez mal, em que algo de negro lhe aconteceu. Em que caiu ao Tejo, por exemplo.
E é o continuarmos sem saber de nada que nos mantem a nós nas arraias do seu universo, e à sua família e amigos mais próximos do epicentro, com muito mais força, em suspenso e sem sabermos bem em que universo estamos.
E quem não sabe o universo em que está, não pode saber o que fazer e como continuar as suas vidas.
Por isso, e porque os astros brilham com a incandescência do pó de estrelas que se move e colide, dêm uma olhada à foto do João, abaixo. Quem sabe se não vivemos num desses universos que nos parecem improváveis em que alguém que olha para uma foto divulgada, de facto pode ajudar de alguma maneira.
Um obrigada sentido.
3 comentários:
Adorei o texto. Deus ajude a familia e amigos a encontrar o Joâo Tiago.
Pois é...tantas e tão vazias palavras bonitas,colorindo as nossas tristes e soturnas vidinhas!O Tiago estava bêbado,como os seus infelizes amigos,que acham que a diversão passa pela dormência dos sentidos...fosse alguém lúcido e nada disto tinha acontecido...
O texto é triste,como é triste quem ficou...e pensa que ficar é morrer lentamente num triste e bisonho país sem Esperança,que dá coisa nenhumas a quem fica...
O Tiago era um bom cidadão,criado por boa gente...bom ser humano,que conheci desde criança...A minha alma chora e chorará para todo o sempre...o resto e este país com esta investigação de treta...que MORRA!!!
Por favor, deixem os comentários que quiserem, mas nunca culpem os amigos pelo que, uma incógnita, aconteceu.
Culpem a inconsciência da juventude, apenas.
O João estava alcoolizado, é verdade, mas não num estado tal que não o impedisse de contar 24 euros para pagar o consumo, sem troco. A quantia certa!
Culpem, se houver culpa, a falta de
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